'; wp_die( $html, $title, array('response' => 403) ); } /** * Load core utilities functions. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/core-utilities.php'; /** * Install functions. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/install.php'; /** * Load the main functions. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/main.php'; /** * Load privacy functions */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/privacy.php'; /** * Load API functions. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/api/loader.php'; /** * Load the admin functions. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/admin.php'; /** * Load the uncode export file. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/export/uncode_export.php'; /** * Load the color system. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/colors.php'; /** * Load TGM plugins activation. */ require_once get_template_directory() . '/core/plugins_activation/init.php'; /** * Load the media enhanced function. */ require_once( ABSPATH . WPINC . '/class-oembed.php' ); require_once get_template_directory() . '/core/inc/media-enhanced.php'; /** * Load the bootstrap navwalker. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/wp-bootstrap-navwalker.php'; /** * Load the bootstrap navwalker. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/uncode-comment-walker.php'; /** * Load menu builder. */ if ($ok_php) { require_once get_template_directory() . '/partials/menus.php'; } /** * Load header builder. */ if ($ok_php) { require_once get_template_directory() . '/partials/headers.php'; } /** * Load elements partial. */ if ($ok_php) { require_once get_template_directory() . '/partials/elements.php'; } /** * Custom template tags for this theme. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/template-tags.php'; /** * Helpers functions. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/helpers.php'; require_once get_template_directory() . '/core/inc/adaptive-images.php'; /** * Customizer additions. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/customizer.php'; /** * Customizer WooCommerce additions. */ if (class_exists( 'WooCommerce' )) { require_once get_template_directory() . '/core/inc/customizer-woocommerce.php'; } /** * Load Jetpack compatibility file. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/jetpack.php'; /** * Load gallery functions */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/galleries.php'; /** * Load third-party compatibility file. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/compatibility/compatibility.php'; /** * Deprecated functions. */ require_once get_template_directory() . '/core/inc/deprecated-functions.php'; add_action( 'after_setup_theme', 'uncode_related_post_call' ); if ( ! function_exists( 'uncode_related_post_call' ) ) : /** * @since Uncode 1.5.0 * Additional post type for related posts plugin */ function uncode_related_post_call() { if ( class_exists( 'RP4WP' ) ) { require_once get_template_directory() . '/core/inc/related-posts.php'; } } endif; ?>; ?>{"id":279,"date":"2019-12-18T20:38:04","date_gmt":"2019-12-18T23:38:04","guid":{"rendered":"http:\/\/marlethsilva.com\/?p=279"},"modified":"2019-12-18T20:38:10","modified_gmt":"2019-12-18T23:38:10","slug":"a-morte-do-leitor","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/marlethsilva.com\/a-morte-do-leitor\/","title":{"rendered":"A morte do leitor"},"content":{"rendered":"\n

Morreu um homem que lia estas cr\u00f4nicas. Ouvi dizer, esperei\nalguns dias e liguei para a vi\u00fava. \u201cEle tinha o h\u00e1bito de recortar alguns\ntextos de jornais e revistas e deixar sobre o balc\u00e3o da cozinha para eu ler\u201d,\nme disse ela. Daria para reconstruir a personalidade de uma pessoa pelos recortes\nque ela deixou? Suponho que sim. <\/p>\n\n\n\n

Foi bonito aquele compartilhamento de impress\u00f5es entre\nmarido e mulher. Ele me disse uma vez que ela gostava de romances e quando uma\nfrase a tocava, lia em voz alta para ele.<\/p>\n\n\n\n

O Leitor (combinei com a vi\u00fava que usaria este tratamento) descobriu\nmeu n\u00famero em uma lista telef\u00f4nica que guardava em casa, daquelas bem grossas e\nque n\u00e3o se usa mais. Era do tempo em que os n\u00fameros de telefone de Curitiba\ntinham sete algarismos. S\u00f3 precisou acrescentar um tr\u00eas na frente e me\nencontrou. A cada quatro ou cinco meses me procurava para contar que a cr\u00f4nica da\nsemana o lembrara de algum epis\u00f3dio de sua vida. Exist\u00edamos um para o outro em\napenas uma dimens\u00e3o: ele como leitor e eu como cronista. Melhor assim, se ele\nsoubesse da minha vida talvez se decepcionasse. Se eu soubesse da vida dele,\ntalvez preferisse evit\u00e1-lo. Se soubermos tudo sobre as pessoas com quem\ncruzamos, ainda teremos vontade de conviver com elas? E se souberem tudo sobre\nn\u00f3s… <\/p>\n\n\n\n

O que eu sei sobre ele \u00e9 que gostava de ler Manuel Bandeira,\ncom quem se deparou em uma padaria, no Rio de Janeiro. O Leitor sabia onde o\npoeta morava, um edif\u00edcio na avenida Beira-Mar, no Centro. No Rio para\nacompanhar a irm\u00e3 que havia decidido estudar l\u00e1, para horror de toda a fam\u00edlia,\nele zanzava pela avenida. A irm\u00e3 passava por provas e entrevistas ali na antiga\nUniversidade do Brasil, exatamente onde o poeta lecionava. Ele matava o tempo\nobservando o movimento dos estudantes, lendo e fumando na padaria. Havia\nchegado no Rio zangado com a irm\u00e3 e suas ideias malucas. Mal lhe dirigia a\npalavra. No segundo dia estava mais relaxado. Se ficasse uma semana, ele\npr\u00f3prio ia acabar se mudando para l\u00e1, me contou ao telefone, rindo. <\/p>\n\n\n\n

O poeta atravessou a avenida devagar, cabe\u00e7a baixa. O Leitor\no identificou de longe e ficou ali, na porta da padaria, embevecido. Mais embevecido\nficou quando o senhor curvado rumou em sua dire\u00e7\u00e3o. \u201cMe cumprimentou quando\npassou por mim!\u201d Bandeira comprou dois p\u00e3es e umas rabanadas. O curitibano\ntomou coragem e se aproximou dele pensando em puxar conversa: \u201cSenhor Bandeira,\nposso… posso…\u201d<\/p>\n\n\n\n

O \u201csenhor Bandeira\u201d ficou esperando e nada saia da boca do Leitor.\nQuanto tempo? Na mem\u00f3ria guardada, uma eternidade. Temendo a vergonha total,\nele respirou fundo e, olhando fixo para as lentes grossas dos \u00f3culos do poeta,\nfalou: \u201cQuero dar a volta ao mundo \/ S\u00f3 num navio de vela \/ Quero rever\nPernambuco \/ Quero ver Bagdad e Cusco\u201d.<\/p>\n\n\n\n

O poeta sorriu. \u201cObrigado, jovem\u201d. Desviou o rapaz paralisado\na sua frente e foi embora. <\/p>\n\n\n\n

\u201cQuase chorei de emo\u00e7\u00e3o\u201d, me confessou o Leitor, 55 anos\ndepois do encontro. Nem eram seus versos favoritos, mas foi s\u00f3 o que a mem\u00f3ria\ntrouxe naquele momento. Perguntei quais eram os versos favoritos. Ele sabia\nv\u00e1rios de cor, n\u00e3o s\u00f3 porque lera muitas vezes, mas tamb\u00e9m porque fizera o\nexerc\u00edcio de decor\u00e1-los. O Leitor decorava poemas. <\/p>\n\n\n\n

Hist\u00f3rias como a do encontro com Bandeira em 1960 sempre\npontuavam nossas conversas. Achei que fosse um colecionador de fatos pitorescos,\nque reprisava para os amigos. Pensando bem, concluo que n\u00e3o era isso. Como\ntodos n\u00f3s, viveu momentos originais em meio \u00e0 rotina e a banalidade dos dias.\nComo alguns de n\u00f3s, identificou a poesia desses momentos e por isso gostava de reviv\u00ea-los.\nTinha poesia na alma, o meu leitor.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Morreu um homem que lia estas cr\u00f4nicas. Ouvi dizer, esperei alguns dias e liguei para a vi\u00fava. \u201cEle tinha o h\u00e1bito de recortar alguns textos de jornais e revistas e deixar sobre o balc\u00e3o da cozinha para eu ler\u201d, me disse ela. Daria para reconstruir a personalidade de uma pessoa pelos recortes que ela deixou? […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[1],"tags":[53,52,54],"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/marlethsilva.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/279"}],"collection":[{"href":"https:\/\/marlethsilva.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/marlethsilva.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/marlethsilva.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/marlethsilva.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=279"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/marlethsilva.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/279\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":280,"href":"https:\/\/marlethsilva.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/279\/revisions\/280"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/marlethsilva.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=279"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/marlethsilva.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=279"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/marlethsilva.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=279"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}